GERALDO SOUZA DIAS | PAINSTRUCTURES
30.11.10 a 23.12.10 - Paintstructures | Geraldo Souza Dias
Exposição Individual
Painstructures | Geraldo Souza Dias
À maneira estrutural
De qualquer ponto que seja possível alguém deparar-se com a exposição “Pain-T-Structure– Estruturas Pictóricas” de Geraldo Souza Dias, haverá a avistagem do intenso convívio dos planos verticais com os horizontais, tal qual um depósito vivo da mostra de cores e tintas de suas pinturas a óleo e colagens sobre tela e madeira.
O centro da sala em visitação pode ser multiestavelmente percebido talvez como uma praça rodeada de edificações de gabarito bastante variável: o sentido de precedência do olhar reconhece de imediato os pedaços, mas não o seu conjunto. As obras circundantes resvalam a outro lugar, a uma linguagem visual compartimentada de signos, como os temas ordenados por grupos de páginas em um caderno de notas práticas que por ora houve de ser juntamente entelado.
A utilização do stencil e de marcas d’água em papel confirmam a infiltração de diferentes técnicas na prática do artista. Valendo-se do recurso de armar lado a lado molduras vazias e telas vazadas, sua produção artística é conscientemente conduzida a escapar do formato convencional do suporte.
Palavras-mote em língua estrangeira servem de estrutura ao corpus constante do catálogo de endereços memoráveis de Souza Dias (estão representados na mostra alguns deles como os prédios da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, do estádio olímpico de Berlim e da Escola de Comunicações e Artes da USP). A natureza pintada de uma cachoeira ou montanha surge reentelada como resultado momentâneo de ordenação; não obstante em paralelo ocorre um flagrante embaralhamento de imagens misteriosas (uma digital de polegar, um menino com um espinho no pé, um beijo). Um espelho fragmentado como a própria metáfora da pintura.
Contudo, desenhos técnicos e croquis de arquitetura são reunidos a códigos culturais que aludem a assuntos e informações atuais do mundo da arte (folders de exposições colados sobre o chassi em aparente desalinhamento, por exemplo). A Família do Artista, peça exibida em destaque, traduz linguisticamente, a partir de pequenos movimentos pendulares, a estruturação do artefato que cobre a pintura enquanto marca a passagem do tempo entre o passado e o presente.
Com um certo grau de verossimilhança com o campo restrito a anúncios urbanos, existe um lugar enunciativo no trabalho em pintura e colagem de Souza Dias que não compactua em absoluto com o jogo de cartas marcadas.
Marcio Harum