ANA AMÉLIA GENIOLI E MÁRCIA GROSTEIN | PER.MÉDIO PER.TINENTE PER.AI

A paulistana Ana Amélia Genioli apresentou de 3 de outubro, às 19 horas, a 3 de novembro de 2006 na Galeria Eduardo H Fernandes (Rua Harmonia, 145, Vila Madalena) a individual “Per-medio Per-tinente Per-Ai”. A exposição, que entra no circuito off-bienal, conta com cinco fotografias e cinco desenhos inéditos organizados em duas salas expositivas. O texto crítico de apresentação é de Juliana Monachesi [em anexo]. Em paralelo, no mesmo local e período, há a exibição de vídeo de Márcia Gronstein.

Tanto as fotografias como os desenhos exibem a intensa pesquisa e pulsação poética da artista, que completa 11 anos de carreira [iniciada em 1995 com individual na Itaúgaleria, em Vitória]. Ana Amélia Genioli expôs anteriormente no Paço das Artes (1995, 1997 e 2005), MAC (1995 e 1996), Sesc Paulista (2001-2), Sesc Pompéia (2004), MuBE (2003-4), Espaço Cultural Porto Seguro (1998), Centro Cultural Yves Alves, em Tiradentes (1999) e na coletiva “Clube Estrela do Pari (2005).

Na fotografia em preto e branco aparece a imagem, num primeiro relance objetivo do olhar, uma figura humana que protagoniza uma ação e está sujeita, ao mesmo tempo, ao efeito esvoaçante de um amplo tecido branco. Tal tecido congelado no espaço se multiplica em vários planos, que se embaralham, criam transparências e encontram variados níveis de ocupação do campo fotográfico.

Nas imagens o corpo do homem ora se oculta passivamente ora se torna um objeto provocador das gradações da cor branca do movimento sucessivo do lençol. O trabalho se aproxima do registro de uma performance, mas ganha autonomia, já que a artista manipula e seleciona as imagens que entram em sintonia com o seu processo poético. O conjunto, nas dimensões de 1 x 0,75 metro, foi realizado com câmera digital.

Na série de desenhos, intimamente ligada às fotografias, Ana Amélia Genioli realiza impressões com pastel seco sobre papel Fabriano. Também aqui os traços se repetem e se sobrepõem, tendo uma figura humana sutilmente representada. A dissolução da imagem ocorre igualmente.

“As obras falam da linguagem enquanto experiência de deslocamento. Nas fotografias a idéia é captar nas imagens as sutilezas do entre, de instantâneos, de sentidos que são gerados pelo movimento do corpo em uma coreografia com um tecido. Já nos desenhos feitos por monotipias, apreendo vestígios de corpos que se deslizam sobre as folhas, o que gera provas únicas no papel”, observa.

TRAJETÓRIA

Ana Amélia Genioli, nascida em 1965, freqüentou oficinas de Carlos Fajardo (1991-94) e Ana Maria Tavares (1996-98) e cursou “Hipertexto, Hipermídia, Hiperimagem: uma nova fenomenologia da comunicação”, no doutorado da Faculdade de Ciências da Comunicação da Universidade Autônoma de Barcelona (2001) e Pós Graduação na área de Comunicação e Semiótica da PUC de São Paulo (2003-5). A artista realizou mestrado e a sua formação acadêmica inicial é em arquitetura (FAU-PUC de Campinas).

Ela iniciou a carreira como pintora e o desenho é uma das bases de sua produção. A pesquisa tem sido um dos aspectos destacáveis em sua conduta artística, o que se justifica pelo interesse na utilização de várias mídias, incluindo o vídeo e a tecnologia digital.