VICENTE DE MELLO | QUANTAS ASAS TEM UM PIXEM?
Uma certa noite em Paris, 2007
A exposição apresenta 07 obras que inicia a nova série inédita do fotógrafo Vicente de Mello, que abre um espaço, dentro de seu trabalho em preto e branco, para a fotografia digital, a fotografia do real presente. O título da série levanta a questão de até aonde a sensibilidade da fotografia digital se identifica com o mesmo apreciar sobre a fotografia analógica.
Para Vicente de Mello, a fotografia digital é a prova concreta de uma liberdade tão sonhada por todos os fotógrafos de todos os tempos desde o advento da fotografia em 1889; seu imediatismo na visualização, mesmo com o criticado delay de sua captação, abriu uma possibilidade de argumento com o tempo presente de uma maneira inimaginável. O cineasta iraniano Abbas Kiorastami disse, em seu livro Duas ou três coisas que sei de mim (Cosac e Naify, 2004),... Deus mostra-me as coisas e as pessoas por aquilo que elas são e elimina as falsidades que podem confundir minha percepção. E Deus criou a câmara digital... Abbas está falando do seu cinema documental low budget, mas se aplica facilmente à fotografia digital, febre mundial que escolheu a idéia do tempo moderno.
Manipuladas ou não, as imagens da exposição indicam ao primeiro momento, uma certa dúvida pelo que é real e pelo o que pode ter sido adulterado digitalmente, é ai que reside o estranhamento destas fotografias, há um duelo entre o observado e o a imagem, por exemplo, o políptico Sonda espacial é resultado desta liberdade dos múltiplos disparos, do visor mágico que tudo mostra, e de uma noite de insônia, quando a televisão, velha companheira dessas horas, refletiu a luz de cabeceira na tela e o bólido-lâmpada iniciou sua viagem em uma paisagem virtual, caminhou atmosfera adentro, em um trajeto de 11 fotografias... da NASA?
Estive em BH e me lembrei de você, 2008
VICENTE DE MELLO (São Paulo, 1967 | Vive e trabalha no Rio de Janeiro) fotografa arte para museus, artistas e editoras há 17 anos, e tem sua pesquisa fotográfica apresentada desde 1992, com a criação de séries como Topografia Imaginária, Moiré, Noite Americana, Bestiário, Vermelhos Telúricos e as recentes Galácticas, O cinematógrafo e Quantas asas tem um pixel? Sua primeira experiência com fotografia digital. Em 2007 foi ganhador do APCA de melhor exposição de fotografia do ano na Pinacoteca do Estado.
Expôs e pertence aos acervos das seguintes instituições: Pinacoteca do Estado, São Paulo, MAM, São Paulo; Coleção Gilberto Chateaubriand / MAM, Rio de Janeiro; MASP – Coleção Pirelli; Maison Européenne de la Photographie, Paris; Fundation Cartier pour la Art Contemporaine, Paris; MAM Aluísio Magalhães, Recife; MAM, Brasília e Coleção Joaquim Paiva, Rio de Janeiro.