ROSE KLABIN | RISE AND FALL
13.11.12 a 16.02.13 - Rose Klabin
Rise and Fall | Rose Klabin
Altos e baixos e ciclos O trabalho da concentração é circular. Ascensão e queda, ascensão e queda. Os ciclos econômicos talvez descrevam também movimentos passíveis de representação em gráficos abstratos, com curvas ascendentes e descendentes, mas dificilmente poderiam ser esquematizados circularmente. Uma rede de pressões antagônicas mais complexa e caótica do que uma força centrífuga de propriedades físicas inescapáveis. O colapso do crédito imobiliário nos Estados Unidos em 2008 – a “queda” referida no título da série de fotografias de Rose Klabin – é de ordem diversa da “ascensão” que a série nomeia (a especulação imobiliária na região da Nova Faria Lima, em São Paulo, iniciada bem antes da crise nos EUA e que prosseguiu imune a ela até hoje). Bolhas financeiras de diferentes extrações. Não há equívoco no título, entretanto. Há uma relação causal sendo retratada nestas obras, mas que está além do factualmente imediato. Assim como os objetos abandonados na frente ou nos quintais das casas esvaziadas pela crise não comparecem nas fotos para atestar uma história particular, também os exemplos norte-americano e brasileiro não são escolhidos com o intuito de narrar alguma particularidade histórica. Aí estão como exemplos apenas. Exemplares de ascensão e queda. Metáforas também dos dois movimentos: os arranha-céus que se elevam e as ruínas urbanas na iminência de desabar. Há uma terceira propriedade nestes exemplos, quando são sobrepostos pela artista em cada uma das seis obras da série – um atualiza a potência do outro. Um ambicioso e imponente edifício em construção é um fracasso urbano em potência, assim como uma casa desertada e esquecida para se arruinar é, potencialmente, um futuro canteiro de obras para novas bolhas imobiliárias. Neste sentido, Brasil e EUA se tornam espelhos um do outro, sim, potencialmente: milagres econômicos dão lugar a crises financeiras num bater de asas de borboleta no Jalapão. Ascensão e queda. Ascensão e queda. Um trabalho de concentração, eu dizia. Acontece que nada aqui é casual. Observe o suporte da ampliação fotográfica. É uma manta térmica utilizada na construção civil para forramento de edificações. Observe como as obras são penduradas na parede. Observe, ainda, a disposição dos trabalhos na sala, sua relação com a arquitetura do espaço. Todas estas operações são resultado de reflexão absolutamente concentrada. A mesma concentração que levou Rose Klabin a empreender uma viagem de trailer do final do ano passado pela costa da Flórida, da Carolina do Sul e do Norte, na direção de Nova York. A artista estava interessada em testemunhar e registrar a fisionomia urbana dos subúrbios-fantasma da costa Leste americana. Qual seria o aspecto das residências perdidas para a crise? O que resta depois da queda? Uma viagem de trailer – vivenciando uma experiência singular de carregar consigo a casa ao longo do caminho – por um horizonte desolado. Um percurso a bordo de uma casa móvel para abarcar toda a dimensão daquelas casas mais fixas do que nunca, congeladas no tempo. Não poderia ser mais perfeitamente cíclico o processo de retratar ascensão e queda da utopia e da distopia construtivas da atualidade. Para fechar o círculo da concentração, fotos encaixadas e sobrepostas, Rose Klabin aplica um filtro positivo/negativo à composição, antes da saída prateada (sobre manta térmica), conferindo uma atmosfera entre futurista e apocalíptica ao conjunto. O ciclo se completa. A dúvida do observador acerca de estar contemplando o futuro ou o fim (ou ambos) deve ser parecida com aquela experimentada pela artista observando as imagens no monitor de sua câmera. Juliana Monachesi novembro/2012