VICENTE DE MELLO | CAGE
18.06.15 a 01.08.15 - CAGE - Vicente de Mello
EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL
SILÊNCIO
SILENCE
É preciso fazer silêncio para escutar o som da matéria, ajustar mecânicas, pressionar estímulos, aprisionar o ar à sua imagem num espaço oco, sensível à vibrações. Seria a câmara escura o tímpano do mundo?
Perceber mundos, registrar mundos e multiplicá- los, eis o técnico exercício comum ao músico e ao fotógrafo, da película fazer imagem, da partitura fazer a música. Registrar, do íntimo sensível, universos possíveis e então multiplica-los.
Vicente de Mello faz da composição estética partitura para uma movimentação silenciosa, mimese de astros, de universos biológicos, composições formais de abstração pulsantes de uma sonoridade wagneriana e mínima, apuração do macro a seu ruído fundamental.
A delicadeza estética e a força mental são energia motriz da instalação Cage, um trabalho-gaiola, uma câmara anecoica para o barulho visual da metrópole, uma sinfonia experimental de captura e reverberação da luz.
A técnica gráfica é utilizada de maneira importante na afinação da imagem que faz plano aos acontecimentos da instalação, a impressão manual dos lambe-lambes é parte exposta da estruturação do trabalho.
Aproximando o olhar à superfície dos cartazes podemos observar explosões de pequenos pontos de cor, partículas da imagem, mínimos do mínimo.
A repetição de uma única imagem no ambiente constrói uma nota visual grave, sólida, pesada como uma parede e leve como um ruído. Plano de base para a aparição de outros momentos estéticos, agitados em diferentes cargas de energia, sinfonicamente organizadas pelo artista na composição da emoção silenciosa.
Vicente tece no seu trabalho uma ode ao que há de belo, de poético na vida mundana, ao que há de verdadeironavidadasformas,quesussurramna câmara escura a música das quais virarão objeto de acesso, partituras emocionais.
O som que ecoa nesta câmara por fim é o som delgado do interior da cabeça do artista, a música delicada expressão plástica, sinfonia audível aos olhos,
Adágio monumental.
Silêncio.
Gabriel Republicano