VICENTE DE MELLO | MONOLUX

03.06.22 —06.08.22

Diante da enorme quantidade de imagens digitais da atualidade, Vicente de Mello buscou mostrar nesta exposição a natureza primeira da fotografia: os fotogramas, uma antítese do impalpável e imensurável universo de pixels.
 
 
 
 

A exposição Monolux apresenta 32 fotogramas recentes e inéditos do fotógrafo Vicente de Mello — representado pela galeria — produzidos sem câmera e sem negativo, através do contato de objetos com a superfície do papel fotográfico. Com curadoria do poeta Eucanaã Ferraz, a mostra, uma das selecionadas no Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar 2021/2022, reúne imagens únicas, produzidas nos últimos seis anos, em um processo que remonta a origem da fotografia e vai na contramão da grande reprodutibilidade de imagens digitais dos dias atuais.

Apesar de utilizar um procedimento histórico, no qual objetos são colocados sobre papel sensibilizado quimicamente, que, ao serem expostos à luz, revelam a silhueta branca do objeto em um fundo escuro, Vicente de Mello dá um caráter pessoal a essa técnica. “Em vez de arranjos estritamente formais ou de avizinhamentos aleatórios, cria ‘relâmpagos narrativos’. Iluminações. Imagens que, não sendo literárias, ou literais, guardam fragmentos narrativos em sua origem, reduzidas ao mínimo, à condição de peças de um jogo. Especificamente, de um jogo da memória”, afirma o curador Eucanaã Ferraz no texto que acompanha a exposição.

Objetos simples do cotidiano, como madeiras, álbuns, câmeras, slides, porta-retratos, tampinhas de garrafa e até nós de aço da operação cardíaca de seu pai, são utilizados para criar as formas gráficas das imagens, em obras que fazem não só uma homenagem à fotografia, mas também à história da arte, com fotogramas em alusão a artistas como Lasar Segall , Oscar Niemeyer, Joaquim Torres Garcia e Édouard Manet.