RENATA PADOVAN | RE-VER

Artista provoca o olhar do expectador com obras que tratam do ato de observar e registrar o tempo em diversas leituras.  Abertura no dia 13 de novembro, terça-feira, às 19h30.
 
A Galeria Eduardo Fernandes apresenta no dia 13 de novembro Re-ver, mostra individual da artista Renata Padovan. Os trabalhos em exibição tratam diretamente do ato de observar e do registro desta observação. São apresentadas nove obras inéditas no Brasil: quatro vídeos, quatro fotografias e um backlight.
 
Na mostra Re-ver, prevalece a questão do tempo, o tempo de olhar, observar, apreender. Nos vídeos a 29 quadros por segundo, a câmera capta o percurso do ato de olhar enquanto num único segundo um olhar é registrado pelo clique fotográfico. Os trabalhos expostos transitam no limite entre imagem estática e em movimento.
 
Imagens que existem a partir do registro de um tempo, é o caso dos vídeos “Homem de prata”, “Pares e ímpares”, e das fotos da série Bretanha, por exemplo. O vídeo “Homem de prata” (10 min.) é uma gravação  que registra o tempo de uma alteração inusitada. Numa paisagem insólita à beira de um rio, ao som isolado de um vento ruidoso, está em cena a transformação de um homem em ‘estátua viva’. Este tipo de atuação é comum nos centros urbanos, mas neste caso o artista performático está num local inóspito, e a observação do ritual de transformação – de um homem que cobre o seu corpo seminu com uma pasta prateada – provoca certo estranhamento, pois sua pele aos poucos vira superfície e o seu corpo passa a ser um ‘objeto metálico’ descolado da paisagem. Quando termina o ritual, ele verifica de forma cuidadosa se o seu corpo está devidamente coberto e o que era humano se torna somente forma e volume. O personagem encarnado – o estereótipo do grande homem com espada, um soldado ou um vencedor - sobe ao pedestal e, embora tente ficar parado sob as rajadas do vento, seus músculos e sua pele traem a sua determinação e então vemos esse homem se debater debaixo da superfície prateada.  A ‘pele metálica’ da escultura não é suficiente para mascarar a condição humana deste homem de prata.
 
No vídeo “Pares e ímpares” (1 min.), dois homens jogando damas encontram-se alheios à realidade à sua volta, imersos que estão em seu próprio tempo.
 
Na série de fotos “Bretanha”, está o registro da imensa extensão de praia, resultado da extrema baixa da maré, na região homônima na França. As fotos apresentam uma configuração marcadamente sinuosa entre a areia e a água onde, na mescla de mar, areia e céu, o tempo parece largado no espaço e, mais do que isso: o tempo parece infindável.
 
Em Re-ver, são exibidas ainda imagens criadas a partir de um tempo estabelecido pelo registro de imagens como seria o caso dos vídeos “23”, “Sem Saída” e da foto “En passant” (‘De passagem’). Em “23” (3 min.), a artista deixa a câmera parada numa janela e capta a passagem de um tufão em Awaji Shima, no Japão. Através da paisagem esmaecida por causa da intensidade da chuva, observam-se as árvores de uma mata se envergar com a força do vento. O silêncio da obra provoca uma inquietação.
 
Na montagem fotográfica “En passant” (‘De passagem’) estão selecionados 15 diferentes stills de uma gravação em vídeo feita a partir do interior de um carro em movimento onde a artista direcionou a câmera para a copa das árvores do acostamento. A artista criou “En passant” a partir de frames (quadros) desta gravação. Através de uma montagem fotográfica o movimento é condensado. A reconstrução ou associação destas imagens (frames) cria a uma outra imagem: a de uma única árvore cuja copa foi captada por uma câmera fotográfica.
 
No vídeo “Sem Saída” (1 min.) a artista propõe seqüências de imagens que, justapostas, se tornam referências ou propostas para a construção de diferentes narrativas. Nesta obra, uma pipa amarela é empinada no ar tendo ao fundo um céu azul. Padovan junta diferentes momentos da gravação da pipa voando e monta vinte e cinco pequenos quadros que, juntos, formam um mosaico em movimento na tela. As vinte e cinco pipas se movem, cada uma delas encerrada em seu ‘espaço’, e o olhar se agita para acompanhar a paisagem que se transforma no tempo.
 
A artista
 
Graduada em Comunicação Social pela FAAP, Renata Padovan ganhou a bolsa Virtuose para mestrado na Chelsea College of Art and Design em Londres em 2001. Trabalhou com produção de vídeo e videoarte no Aster e na Cockpit, em São Paulo. Participou de diversos programas internacionais como artista residente, entre eles Banff Centre for the Arts, Canada; Nagasawa Art Park, Japão e Braziers international arists workshop na Inglaterra.
 
Entre as exposições individuais destacam-se aquelas realizadas no Centro Cultural São Paulo, Galeria Milan, Galeria Valu Oria, Museu Brasileiro da Escultura e Galeria Thomas Cohn, em São Paulo, além do Espaço Cultural dos Correios, Paço Imperial e Museu do Açude, no Rio de Janeiro.
 
Participou de diversas exposições coletivas, entre elas: “The Lucifer Effect”, na Gallery Primo Alonso, em Londres; “Directors Lounge”, Berlim;  “Contemporains”, na Galerie Sycomore Art, Paris, todas em 2007; em 2006 foram:  “AirVideo 2”, na galeria Strike-on-Trent, Inglaterra; “Interações Urbanas”, em Pelotas, RS; “Festival Pocket Film”, no Centre Pompidou, em Paris; “19 Instants Vídeo”, em Marselha, na França; em 2005, participou em exposições na Protest Academy, em Londres; “Ocupação”’, no Paço das Artes, em São Paulo; em 2004, participou da “Paralela”, em São Paulo; em 2003, apresentou obras em “Chance Encounters”, na Gallery 32, em Londres, e “Alternating Currents UECLAA”, em Colchester, também na Inglaterra.