LIVIA MARIN | SUTURA
05.05.11 a 11.06.11 - Sutura | Livia Marin
Curadoria de Beatriz Bustos
Sutura | Livia Marin
Sutura* se articula com uma seleção de obras de Livia Marin: três diferentes séries de trabalho: Broken Things,objetos de louça com interferências, Drawings, imagens fotográficas de objetos de louça, rasgadas e reconstruídas com fio de ouro, e Nature Morte, posta em cena de naturezas mortas as quais são fotografadas, rasgadas e sofrem interferências com fios.
No seu trabalho de arte Livia Marin se dedica a suturar o material danificado com o qual trabalha, e dessa forma a transformar esses objetos cotidianos e dar-lhes, a partir dessas novas interferências/transformações mínimas, novos significados.
Um dos elementos que Livia utiliza para suturar os objetos e imagens com que trabalha é um delicado e fino fio de ouro, cuja característica principal é a inalterabilidade.
Estas ações sutis e mínimas, executadas com e sobre objetos de uso cotidiano, nos permitem estabelecer analogias múltiplas, entre as quais: os novos sentidos, a possibilidade de dar com a “áurea”*2 da beleza o rasgado/danificado/descartado, junto a reflexão que realiza o artista: “... o que das pessoas fica alojado nos objetos de uso diário...” , “como os objetos nos introduzem no campo de sua particular poética”. Nos introduzem a um ponto em que obra e subjetividade se fundem.
Se nos aprofundarmos nas dinâmicas que estão por baixo dessas relações que Livia constrói na sua obra, entramos num campo de múltiplas possibilidades. Através da materialidade do que vemos (objetos de uso cotidiano, danificados e depois resgatados) transpomos o limite do dizível e entramos no campo do indizível.
É para esse deslocamento proponente que a obra de Livia Marin nos conduz, um labirinto onde as suas vicências subjetivas penetram por cada ponto inalterável de fio de ouro que transpassa sua obra, assim: erro/ dano/ quebra/ inércia/ fatalidade, se entrelaçam com : possibilidade/ restituição/ cura/ onde a beleza parece ser a chave que permite a coexistência inalterável.
Beatriz Bustos Oyanedel
Curadora
*1 sutura
(do latim sutūra: de sutum, supino de suĕre, coser).
1. f. Bot. Cordãozinho que forma a junção dos gomos de um fruto.
2. f. Med. Costura com a que se juntam os lados de uma ferida.
3. f. Zool. Linha sinuosa, na forma de serra, que forma a união de certos ossos do crâneo.
*2 ouro (do latim aurum).
Elemento químico de núm. atôm. 79. Metal escasso na crosta terrestre que se encontra nativo e muito disperso. De cor amarela e inalterável por quase todos os reativos químicos, é o mais dúctil e maleável dos metais, muito bom condutor do calor e da eletricidade e um dos mais pesados. Usa-se como metal precioso em joalheria e na fabricação de moedas e fundido como platina ou paládia, em odontologia. (Símb. Au).