GRÃO DE ESCALA
25.10.2025
Roberto Mícoli
No dia 25 de outubro deste ano, a Galeria Eduardo Fernandes inaugura sua expansão em novo espaço com a exposição coletiva "Grão de escala". A curadoria a cargo de Tálisson Melo foi desenvolvida para confluir trabalhos dos 21 artistas representados pela galeria nos últimos anos: Ana Amélia Genioli, Arturo Gamero, Chico Cunha, Claudia Melli, Daisy Xavier, Edgar Racy, Fernando Arias, Guilherme Dable, Gustavo Prata, Heloisa Crocco, Jacqueline Duncan, Jorge Rodríguez Aguilar, Luz Lizarazo, Mai-Britt Wolthers, Patricia Rebello, Renata Egreja, Roberto Mícoli, Rosana Naday, Rose Klabin, Shu Lin e Vicente de Mello. Essa exposição coletiva marca uma nova fase na trajetória da galeria que também celebra vinte (20) anos de atividades.
O eixo curatorial parte dos versos do poeta romântico inglês William Blake — Ver o mundo num grão de areia / E o céu numa flor silvestre, / Segurar o infinito na palma da mão / E a eternidade numa hora — e propõe uma perspectiva que enfoque as diferentes escalas envolvidas nas obras reunidas, considerando que o micro contém ecos do macro, mas sem uma simetria ou equivalência simples. Essa noção de deslocamento se evidencia em movimentos de ampliação e redução da escala nos universos representacionais de cada artista, e nas relações entre que habitam escalas mínimas para abordar temas universais, experiências subjetivas que reverberam compreensões coletivas, de grandes comunidades.
O percurso entre o espaço já conhecido na Rua Harmonia e o novo, na Rua Medeiros de Albuquerque, é curto mas suficiente para potencializar uma experiência sensorial atenta ao deslocamento territorial e às relações entre partes: cerca de 40 obras dispostas nos dois ambientes. A diversidade de linguagens artísticas presente, bem como as aproximações entre elas — onde esculturas, desenhos, têxteis, instalações, pinturas, performances, cerâmicas e fotografias convivem e se conectam nos dois espaços expositivos da galeria —, também indicam a multiplicidade de caminhos possíveis para se criar novos mundos através de intervenções poéticas.
Com obras de diferentes dimensões e seus componentes representativos das possibilidades de representação do mundo habitando, deslocando e distorcendo diferentes escalas, a curadoria salienta uma compreensão alquímica do mundo por meio dos trabalhos selecionados: o “todo” nunca capta plenamente a riqueza das partes e suas interações, podemos intuir a natureza da vida, do universo infinito e eterno, observando suas partículas e as conexões específicas entre elas.